terça-feira, novembro 27, 2012

Suell Sant., em palavras


"Achei" ali... No comentário de um post já antigo.. Li, reli, sorri... Agradeci a JC por esses presentes que Ele joga no meu colo e, claro... Trouxe pra cá...
Apreciem, sem nenhuma moderação....!


Essa imagem, pois sei que a dona do post abaixo vai curtir...

Suell Sant., em palavras:

"Quisera eu ter o dom de um poeta
Ou de um músico para poder colocar em verso
E melodia o sentimento de amizade.
Amigo ocupa mais espaço do que somente
O lado esquerdo do peito.
Amigo é aquele com quem choro.
É aquele com quem rio.
É aquele com quem exploro riachos e Cachoeiras dentro de mim.
Amigo é um só
Não importa se tenho um ou cem.
Cada um, em cada momento, é especial...
É único e vital...
Amigo não se escolhe...
Não se “pede” ninguém em amizade.
Ela existe ou não... Sem tempo pré-determinado...
Sem prazo pra iniciar.
A amizade é sentimento...
É afeto...
Amor...
Respeito...
Veracidade...
Troca...
Carinho...
Cumplicidade...
É um beijo...
Um abraço...
Abrace um amigo hoje... Mesmo que não seja o seu.
Abrace um estranho...
Ele certamente é amigo de alguém.
E você sabe o quanto ele é importante.
Que Deus abençoe cada Amigo e 
Cada felizardo que o tem como um...
Grande Amigo!"
Eu tenho e você?


Obrigada pelo carinho, amiga... Nenhuma palavra de nossa língua é capaz de explicar o carinho que tenho por você!! Beijos cheios de boas energias!

segunda-feira, novembro 19, 2012

Horas Vivas


Das coisas que todas as mulheres deveriam ter ao longo de sua caminhada, ao menos um amigo cavalheiro, um amigo poeta, uma pessoa iluminada... Dando sempre e sempre, sentido aos seus dias...Eu os' tenho! E, já agradeço pois sei que minha caminhada tem sentido.



"Noite: abrem-se as flores...
Que esplendores!
Cíntia sonha amores
Pelo céu.
Tênues as neblinas
Às campinas
Descem das colinas,
Como um véu.

Mãos em mãos travadas,
Animadas,
Vão aquelas fadas
Pelo ar;
Soltos os cabelos,
Em novelos,
Puros, louros, belos,
A voar.

— “Homem, nos teus dias
Que agonias,
Sonhos, utopias,
Ambições;
Vivas e fagueiras,
As primeiras,
Como as derradeiras
Ilusões!

— Quantas, quantas vidas
Vão perdidas,
Pombas mal feridas
Pelo mal!

Anos após anos,
Tão insanos,
Vêm os desenganos
Afinal.

— “Dorme: se os pesares
Repousares,
Vês? – por estes ares
Vamos rir;
Mortas, não; festivas,
E lascivas,
Somos – horas vivas
De dormir!” – "

Machado de Assis, in 'Crisálidas'


domingo, setembro 09, 2012

Num meio-dia de fim de primavera...


Num meio-dia de fim de primavera eu tive um sonho como
uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à Terra.
Ele veio pela encosta de um monte, mas era outra vez
menino, a correr e a rolar-se pela erva
A arrancar flores para deitar fora, e a rir de modo a
ouvir-se de longe.
Ele tinha fugido do céu. Era nosso demais pra
fingir-se de Segunda pessoa da Trindade.
Um dia que DEUS estava dormindo e o Espírito Santo
andava a voar, Ele foi até a caixa dos milagres e
roubou três.
Com o primeiro Ele fez com que ninguém soubesse que
Ele tinha fugido; com o segundo Ele se criou
eternamente humano e menino; e com o terceiro Ele
criou um Cristo eternamente na cruz e deixou-o pregado
na cruz que há no céu e serve de modelo às outras.
Depois Ele fugiu para o Sol e desceu pelo primeiro
raio que apanhou.
Hoje Ele vive na minha aldeia, comigo. É uma criança
bonita, de riso natural.
Limpa o nariz com o braço direito, chapinha nas poças
d'água, colhe as flores, gosta delas, esquece.
Atira pedras aos burros, colhe as frutas nos pomares,
e foge a chorar e a gritar dos cães.
Só porque sabe que elas não gostam, e toda gente acha
graça, Ele corre atrás das raparigas que levam as
bilhas na cabeça e levanta-lhes a saia.
A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar
para as coisas. Ele me aponta todas as cores que há
nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão e olha devagar para
elas.
Damo-nos tão bem um com o outro na companhia de tudo
que nunca pensamos um no outro. Vivemos juntos os dois
com um acordo íntimo, como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer nós brincamos as cinco pedrinhas no
degrau da porta de casa. Graves, como convém a um DEUS
e a um poeta. Como se cada pedra fosse todo o Universo
e fosse por isso um perigo muito grande deixá-la cair
no chão.
Depois eu lhe conto histórias das coisas só dos
homens. E Ele sorri, porque tudo é incrível. Ele ri
dos reis e dos que não são reis. E tem pena de ouvir
falar das guerras e dos comércios.
Depois Ele adormece e eu o levo no colo para dentro da
minha casa, deito-o na minha cama, despindo-o
lentamente, como seguindo um ritual todo humano e todo
materno até Ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma. Às vezes Ele acorda de
noite, brinca com meus sonhos. Vira uns de pena pro ar,
põe uns por cima dos outros, e bate palmas, sozinho,
sorrindo para os meus sonhos.
Quando eu morrer, Filhinho, seja eu a criança, o mais
pequeno, pega-me Tu ao colo, leva-me para dentro a Tua
casa. Deita-me na tua cama. Despe o meu ser, cansado e
humano. Conta-me histórias caso eu acorde para eu
tornar a adormecer, e dá-me sonhos Teus para eu
brincar.
Fernando Pessoa

sexta-feira, agosto 31, 2012

Dizes-me...


Dizes-me: tu és mais alguma cousa
Que uma pedra ou uma planta.
Dizes-me: sentes, pensas e sabes
Que pensas e sentes.
Então as pedras escrevem versos?
Então as plantas têm idéias sobre o mundo?
Sim há diferença.
Mas não é a diferença que encontras;
Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias
sobre as cousas:
Só me obriga a ser consciente.
Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.
Ter consciência é mais que ter cor?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.
Ninguém pode provar que é mais que só diferente.
Sei que a pedra é real, e que a planta existe.
Sei isto porque elas existem.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.
Sei que sou real também.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,
Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.
Não sei mais nada.
Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
Sim, faço idéias sobre o mundo, e a planta nenhumas.
Mas é que as pedras não são poetas, são pedras;
E as plantas são plantas só, e não pensadores.
Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto,
Como que sou inferior.
Mas não digo isso: digo da pedra, “é uma pedra”,
Digo da planta, “é uma planta”,
Digo de mim, “sou eu”.
E não digo mais nada. Que mais há a dizer?

("Pessoa", que amo em todas as suas formas)

sexta-feira, agosto 17, 2012

De Saint-Exupéry pra cá ❤



‎''Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas."

Antoine de Saint-Exupéry

domingo, agosto 05, 2012

"Épico como o teu rosto"


"Quero o gozo de quem chora por amor
quero já como quem recebe um favor
rasga-me a camisa para não falar para os botões
e não ouças que eu não sou de opiniões

encurta-me a espera
entra-me no corpo já
lambe-me como quem se esmera
vou fingir que até estou cá

é que às vezes vou p’ra longe
p’ra uma terra que tu não sabes
fico lá a fazer de monge
e és tão linda que não cabes

adio-nos o encontro
dedilho-te um adeus
esses beijos todos meus
vais fazê-los com outro

rasgas-me o sangue
de um rubro negro que vai ter fim
e hei-de ficar exangue
quando morrer juntas-te a mim

iremos juntos à morte
a bordo de um cavalo cego
ver se nos querem na corte
estou vivo mas às vezes nego"

Poema do livro "a verdade dói e pode estar errada", de João Negreiros.
Quem quiser ouvir: aqui está o poema no youtube.



sexta-feira, julho 27, 2012

Anjo Bento!


Destes que campam no mundo Sem ter engenho profundo
E, entre gabos dos amigos,
Os vemos em papafigos
Sem tempestade, nem vento:

Anjo Bento!

De quem com letras secretas
Tudo o que alcança é por tretas,
Baculejando sem pejo,
Por matar o seu desejo,
Desde a manhã té à tarde:

Deus me guarde!

Do que passeia farfante,
Muito prezado de amante,
Por fora luvas, galões,
Insígnias, armas, bastões,
Por dentro pão bolorento:

Anjo Bento!

Destes beatos fingidos,
Cabisbaixos, encolhidos,
Por dentro fatais maganos,
Sendo nas caras uns Janos:
Que fazem do vício alarde:

Deus me guarde!

Que vejamos teso andar
Quem mal sabe engatinhar,
Muito inteiro e presumido,
Ficando o outro abatido
Com maior merecimento:

Anjo Bento!

Destes avaros mofinos,
Que põem na mesa pepinos,
De toda a iguaria isenta,
Com seu limão e pimenta,
Porque diz que o queima e arde:

Deus me guarde!

Gregorio de Matos